sábado, 1 de dezembro de 2007

CAIS DA RIBEIRA (DE OVAR?) E O MERCANTEL ESQUECIDO!


Mais uma vez, e não será, porventura, a última que utilizo este espaço para defender a nossa ria, “a nossa sala de visitas, o recinto mais belo que nos foi legado…, em belezas naturais esta suplanta todas as outras…”, isto e mais, dizia um conterrâneo no longínquo ano de 1945 nas páginas do ‘O Povo de Ovar’. De facto, quem passeia em redor da ria não pode ficar indiferente à maré-cheia com que nos enche os sentidos. Tanta gente não imagina a sorte, a incomparável maravilha que devíamos usufruir da nossa terra. Mais, extensível ao nosso Cais da Ribeira de Ovar, único, sui-generis no seu enquadramento paisagístico e que ao contrário de muitas terras não tem sido favorecido pela mão do homem. O que lhe falta!? Talvez… a Ribeira ser Freguesia e porque não!? E porque não, cogitar mais alto, aliar as localidades confinantes com a ria – Beira-Ria.
Já de há muito é preocupação de muitos ansiar pela sua conservação e alguns infelizmente prejudicam a coisa pública. É ver por aí que sempre existe alguém que se apropria e destrói este património natural que é de todos e, principalmente, dos vindouros. Já não bastasse o assoreamento!
Projecto para o Cais da Ribeira e zona envolvente, para quê… onde estará neste momento, … 5ª Repartição, evidentemente, para quê? Estamos a falar de um espaço único, que não merece o esquecimento dos órgãos autárquicos, regionais e nacionais, por aquilo que devemos ao futuro e devemos honrar o passado. Era o Museu de sal, zonas de lazer, comércio, sistema de comportas para ancoramento da água, espaço de cara lavada, atraente para o turismo, eis a sala de visita de Ovar!
Falar destas preocupações não se pode dissociar também um dos ex-libris da ria – o barco mercantel – muitas vezes indevidamente esquecido e na minha óptica - a embarcação vareira. Tal como o Cais, multi-secular, o mercantel está aliado não só ao transporte de mercadorias, mas também de pessoas, basta dizer que era o elo na continuidade da ligação Porto / Aveiro. Sejamos francos, unam-se vontades em redor de outra imagem para o Cais da Ribeira – diamante por lapidar! Não deixemos cair no esquecimento o barco mercantel, igualmente importante como o azulejo ou o pão-de-ló. Faça a sua parte!
Há alguém que seja amigo do Cais da Ribeira e do barco mercantel?
Eu sou.
(in Praça Pública, Nov'2007 - AP)

1 comentário:

Sérgio O. Marques disse...

Ena António, eis um texto pejado de intensidade dramática em prol de um legado que tem sido dado ao abandono pelo menos nas nossas bandas.
Estava a procurar um sítio na Internet onde fosse feita uma referência ao Cais da Ribeira de Ovar que pudesse enquadrar como ligação num texto sobre este último acontecimento expositivo da passagem de D. Maria II por Ovar. Obviamente não preciso de procurar mais pois descreve um sentimento típico de qualquer filho da terra.

Um abraço do teu conterrâneo Sérgio Marques