quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

CAIS DA RIBEIRA (DE OVAR?) E O MERCANTEL ESQUECIDO! - III


Neste tempo, que media o período do Cantar de Reis e a ceia de Reis afigura-se-me pertinente e decorrente desta tradição vareira, recordar o que o poeta, Zé da Vesga diz no 3º número da Troupe de Reis Joc-Loc de 2008:
“ É muito triste
Mais triste que a tristeza (…)
O tempo de acreditar
Já findou.
Resta-nos recordar
O que o vento já levou. (…)”
Estas doutas e simples palavras descrevem o que vai na alma de muita gente, acerca de muita coisa, socio-política, ambiental e mais uma vez, se Deus quiser não será a última, relativamente ao Cais da Ribeira de Ovar, ao seu, nosso mercantel, á confraria não sei das quantas… Pois, o saudoso, famoso projecto para o Cais da Ribeira e zonas limítrofes, que se encontra ‘desaparecido em combate’, eventualmente arquivado numa qualquer 5º repartição, o que é feito dele!? Devo ser masoquista, … é muito triste que as entidades não reparem no Cais, no lugar da Ribeira, nas necessidades de espaços para o desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo.
O que é feito noutros concelhos, mesmo da Beira Litoral, relativamente às suas riquezas naturais, preservam-se e utilizam-se o mais possível em prol do turismo, comércio e mais, propiciando uma qualidade de vida inestimável aos residentes e população em geral. Mas o nosso fado, ‘é muito triste… mais triste que a tristeza’ e pronto, é onde vivemos e o país que temos. Claro que não nos resignamos, porque não é justo… porque justo é vivermos felizes.
É triste ver a actualidade, parar junto do Cais e constatar o abandono, o grito de desespero dos restos de embarcações que estão depositados no leito. Incrível, como é possível ficar indiferente, em contraponto as fotos da saudade, “ resta-nos recordar o que o vento já levou.”, um Cais cheio de velas ao vento, mercantéis, uns virados para nascente, outros para poente, uns a descarregar, os barqueiros na sua faina ajudam as mulheres ás canastras, mulheres para lá e para cá equilibrando-se nos passadiços estreitos e oscilantes. Que saudade, … que tristeza, hoje!! …
Acredito que algo será possível fazer para melhorar as condições, vamos acreditar… ou a esperança não fosse verde!
Vamos lá senhores autarcas façam alguma coisa, responsabilizem-se, o lugar da Ribeira ainda espera por vós.